O programa CQC- TV Bandeirantes- exibiu em março deste ano uma entrevista com o deputado e ex- militar Jair Bolsonaro, em que o mesmo faz declarações homofóbicas e racistas. As respostas do deputado geraram bastante polêmica. No Brasil, atitudes e discursos preconceituosos de alguns cidadãos não são novidade para ninguém, ainda mais, quando alguns deles confundem liberdade de opinião com falta de respeito. Porém, o caso é ainda mais preocupante, pois se trata de um deputado. Deste então, tem circulado na internet um convite a um protesto pela sua cassação. O texto faz uma crítica ao deputado e argumenta como uma pessoa sem o menor respeito pelas diferenças pode representar o estado do Rio e todo o povo brasileiro.
O texto distribuído no site de relacionamento “Facebook”, explica que Bolsonaro além de atacar gays e negros, faz elogios ao regime militar e críticas ao regime atual. O texto questiona porque a homofobia ainda não é reconhecida pela lei como crime inafiançável assim como o racismo.
“Na internet, podemos nos mobilizar para expressar nosso descontentamento com o que foi dito, que é inaceitável. Não basta reclamar pelo Facebook e Twitter. Vamos nos fazer ouvir. Mande um email para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar expressando sua indignação: cedpa@camara.gov.br. Vamos ver quantos emails podemos enviar em uma semana. Vamos lotar a caixa de entrada do Conselho. Vamos pressionar o governo e protestar, pacífica e eficazmente. Divulguem esse evento, mandem e-mail e cartas para jornais e revistas. A internet pode ser uma grande aliada no exercício da democracia. Basta perdermos a preguiça e começarmos a agir! Compartilhe e fortaleça o protesto, adicionando links e suas opiniões. Qualquer tipo de comentário violento ou preconceituoso não será permitido. Não vamos nos rebaixar ao nível do Deputado”, acrescentou.
Além disso, a cantora Preta Gil vai processar o deputado. No mesmo programa exibido pelo CQC, ao responder a uma pergunta a Preta, o deputado disse que seus filhos não correriam o risco de se apaixonar por negras porque foram muito bem educados. No twitter, a cantora desabafou: "Advogado acionado, sou uma mulher negra, forte e irei até o fim contra esse deputado, racista, homofóbico, nojento, conto com o apoio de vocês".
O advogado da cantora, Ricardo Brajterman, afirmou que, na esfera criminal, entrará com uma representação no Ministério Público por crime de intolerância racial e homofobia. Na esfera cível, vai entrar na comarca da capital fluminense com uma ação para reparação por danos morais. Além disso, o advogado entrará com uma notificação junto à Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Logo após a polêmica, o deputado divulgou em seu site uma nota que diz ter entendido errado a pergunta feita por Preta Gil. Bolsonaro diz que em nenhum momento manifestou qualquer expressão de racismo, e que ao responder porque seria contra cotas raciais, afirmou ser contrário a qualquer cota e explicou que não viajaria em um avião pilotado por cotista nem gostaria de ser operado por médico cotista, sem se referir a cor.
Luciano Huck, amigo de Preta Gil, postou em seu twitter uma mensagem condenando o deputado: "@PretaMaria, feliz um país que tem alguém como você como cidadã. Lamento por aqueles que votaram neste infeliz que está onde não deveria estar".
Dois dias após a exibição do programa, o presidente da Ordem dos advogados do Brasil – Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, encaminhou, ao corregedor-geral da Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) pedido para que seja aberto imediatamente processo por quebra de decoro parlamentar do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Damous acredita que as declarações de Bolsonaro, em um programa de televisão, são ofensivas, pois têm um cunho racista e homofóbico.
O presidente da OAB-RJ afirmou que decidiu tomar a medida porque o Congresso Nacional não merece ter em suas fileiras parlamentares que manifestam ódio a negros e gays.
Muitos acreditam que essas declarações polêmicas de Bolsonaro faz parte de sua estratégia a fim de se popularizar, outros afirmam que ele sempre teve uma atitude homofóbica e racista em sua conduta pessoal e política.
Contudo, o importante é que os representantes do nosso país possam combater esse tipo de comportamento. Em um país que possui tantos problemas ainda com racismo e homofobia, aceitar esse tipo de comportamento de um deputado é tardar ainda mais o processo de democracia do nosso país. O que o povo deseja é que a justiça seja feita.
“O que ele falou me ofendeu e ofendeu a sociedade. Sou negro e há tempos venho lutando para que opiniões como essa sejam debatidas de alguma forma. Racismo é crime!”
Roberto Caetano, 45 anos, funcionário público.
“Todos sabem que Bolsonaro é pai de família e militar de respeito. A mídia ta exagerando, ele tem direito de não gostar dos gays.”
José Santos, 52 anos, porteiro
“Esse deputado tem que aprender a respeitar o povo brasileiro, torço para que ele seja punido na Câmara dos vereadores e acionado pelo Ministério Público!”
Ana Souza, 29 anos, administradora.
“Fico revoltado com declarações desse tipo. Um deputado não deveria ser tão preconceituoso. Não podemos admitir que a discriminação contra negros e homossexuais continue!”
Carlos André, 24 anos, professor de educação física.
“Todo mundo fala tanto em liberdade de expressão, o deputado, apesar de eu não concordar, expressou sua opinião, as pessoas também tem que respeitar, no caso da Preta, ele não entendeu a perguntar, o povo também já com maldade.”
Maria Pinho, 20 anos, estagiária.